Desde que o Hospital Universitário Valme de Sevilha estabeleceu uma consulta específica e diferenciada para Dor Pélvica Crónica no seu serviço de Ginecologia e Obstetrícia em 2014, mais de mil mulheres foram beneficiadas. Passados sete anos, continua a ser o hospital de referência na Andaluzia para a abordagem integral desta doença; atendendo não só pacientes da sua área de saúde e hospitais sevilhanos, mas também de outras províncias andaluzas e outras regiões.
A dor pélvica crônica é aquela localizada na parte inferior do abdômen, ocorre na região abaixo do umbigo e entre os quadris e dura seis meses ou mais. Estudos científicos indicam uma prevalência de 12% e uma incidência ao longo da vida de 33%. Esta condição pode ter múltiplas causas, ser sintoma de outra doença, constituir uma condição em si ou ser produto de diversas condições médicas. Justamente, localizam sua complexidade na disparidade de sua origem, pois seu desconhecimento determina a dificuldade de diagnóstico e a demora na obtenção de tratamento.
Neste sentido, e segundo a ginecologista Mª Isabel Valdivia, “é necessária formação especializada para poder oferecer uma resposta eficiente e eficaz a este problema de saúde”. Este profissional adquiriu formação especializada nesta área e promoveu a criação de um dispositivo de cuidados diferenciados de apoio a esta patologia no Hospital Universitário de Valme: “No meu desenvolvimento profissional em Pavimento Pélvico assisti pacientes que, após o parto, realizaram cirurgias pélvicas ginecológicas, derivadas de outras especialidades ou, às vezes, sem causa conhecida, apresentavam dor pélvica crônica de difícil interpretação.” Perante este desafio sanitário, o seu objectivo foi poupar os pacientes do que definiu como uma “peregrinação de saúde” em busca de diagnóstico e tratamento.
Como resultado desta atitude proactiva face a uma doença desconhecida, o Hospital Universitário de Valme tem uma consulta pioneira, uma vez que não existe nenhuma semelhante nos centros hospitalares andaluzes, com sete anos de funcionamento e focada no atendimento integral de pacientes com dores pélvicas crónicas. A sua gestora, Mª Isabel Valdivia, possui formação especializada e experiência acumulada que lhe permite identificar precocemente esta patologia, diagnosticá-la e coordenar o seu tratamento.
Circuitos e protocolos de bypass específicos para respostas eficientes
Segundo o referido ginecologista, o objetivo da consulta é alcançar a eficiência assistencial, visto que a sua complexidade provoca a utilização multifrequente do sistema de saúde e a consulta de múltiplas especialidades: cuidados primários, ginecologia, urologia, urgências… Em além do bem-estar físico, pode acabar afetando o emocional e o social de uma pessoa.
Como resultado, o dispositivo de cuidado da dor pélvica crónica criado no hospital sevilhano oferece uma abordagem multidisciplinar apoiada na coordenação entre os diferentes serviços clínicos hospitalares envolvidos no seu processo diagnóstico-terapêutico. De tal forma que se gerou um trabalho colaborativo entre Ginecologia, Urologia, Unidade de Dor Crônica, Coloproctologia e Reabilitação.
A consulta estabelecida no serviço de Ginecologia, dirigido por Rosa Ostos, para o atendimento da Dor Pélvica Crónica atende 150 pacientes por ano. Desde a sua criação, já registrou mais de mil mulheres que por ele passaram. Beneficiam de uma ação multidisciplinar; mas, dada a complexidade da patologia, não podem ser realizadas num único ato. A natureza desta condição exige visitas protocoladas para acompanhamento do tratamento prescrito, avaliação da melhoria clínica e encaminhamento, se necessário, para outras especialidades onde também são realizadas técnicas intervencionistas. Precisamente para proporcionar eficácia e eficiência assistencial, a unidade celebrou protocolos de encaminhamento para as especialidades clínicas envolvidas, a fim de otimizar a comunicação entre especialistas e facilitar circuitos de atendimento ágeis aos pacientes.
Como resultado da abordagem abrangente, a partir da Unidade de Dor Pélvica Crônica, podem ser feitos diagnósticos de diferentes patologias a partir das quais podem ser aplicadas terapias: neuropatias pudendas relacionadas ao parto ou cirurgia coloproctológica, vulvodínia, síndrome da dor na bexiga, dor pós-operatória com ou sem telas, síndrome miofascial…
Ampla experiência em uma condição complexa
A experiência acumulada deste dispositivo de cuidado e de um profissional especializado nesta área clínica tem despertado o interesse de outros centros hospitalares. Com o objetivo de partilhar este trabalho e aprofundar a abordagem da dor pélvica crónica, este hospital sevilhano em conjunto com a Sociedade Andaluza de Ginecologia e Obstetrícia (SAGO) organizaram um ‘Sábado Ginecológico’ a celebrar no próximo mês de outubro.
A atividade, que será realizada no Hospital Universitário Valme, em Sevilha, é coordenada por Mª Isabel Valdivia. Atualmente, este profissional líder em Dor Pélvica Crônica é presidente da Seção Andaluza do Assoalho Pélvico, membro da Sociedade Espanhola de Ginecologia e Obstetrícia (SEGO) e membro desde 2013 da Sociedade Ibero-Americana de Neuro-Uroginecologia (SINUG).
Da mesma forma, este centro hospitalar participará como convidado no congresso nacional de Ginecologia e Obstetrícia, que se realizará brevemente em Múrcia, com uma apresentação no espaço dedicado ao Pavimento Pélvico: ‘Dor Pélvica Crónica: Exploração e Diagnóstico’.